Crise da água: um problema de cada um de nós

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O Brasil vive hoje uma crise hídrica sem precedentes, com seu estado mais rico e populoso, São Paulo, correndo sério risco de ver todas as suas torneiras secarem num futuro não tão distante. As mudanças climáticas que modificaram os regimes de chuvas no planeta, somadas ao crescimento das cidades, à falta de planejamento e ausência do uso consciente deste recurso por parte da agricultura, da indústria e da própria população começam a cobrar o seu preço. E o futuro não é animador. Especialistas são unânimes ao afirmar que este quadro só tende a se agravar, atingindo principalmente o Sul e o Sudeste. Os impactos já são sentidos no estado do Rio.

As reservas de água de São Paulo estão em situação crítica, e, se não chover um volume constante, por várias semanas, numa vazão que supra os mais de um trilhão de litros do Sistema Cantareira que secaram – a situação tende a se tornar dramática. São Paulo já está utilizando o chamado ‘volume morto’ – a água que fica abaixo do nível de captação normal das represas. Já se fala em utilizar uma segunda parte desta água. Depois disso, só há mais uma terceira reserva antes de acabar de vez toda a água disponível aos paulistas. Frutas e legumes somem das prateleiras dos mercados no mesmo ritmo que seus preços sobem. Galões de água mineral já figuram entre os itens mais vendidos nos supermercados e com altos preços.

É claro que o poder público tem grande parcela de responsabilidade e deve trabalhar duro para contornar essa gravíssima questão. É preciso construir alternativas de abastecimento, proteger mananciais, impedir o desmatamento e reflorestar as margens dos rios, conservando as matas ciliares, criar formas de reutilizar a água, fazer campanhas de conscientização em comunidades e escolas, diminuir o desperdício e investir em novas fontes de energia, inclusive a hidráulica, posto que, a maior parte da energia elétrica consumida no Brasil vem de empreendimentos hidrelétricos, que respondem por 70% da capacidade instalada no País.

Em Paracambi, por exemplo, buscamos construir estações de tratamento de esgoto e conscientizamos os pequenos agricultores sobre a importância de proteger os mananciais e micro-bacias, mas é preciso investir muito mais, como em saneamento básico e em captação e tratamento de água. Dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), mostram que quase 50% da água que sai da estação de tratamento da Cedae, perdem-se em vazamentos, problemas de medição e ligações clandestinas, enquanto o aceitável seria no máximo 25%. É preciso encarar isso não como custo, mas como investimento.

A agricultura e a indústria, maiores consumidores dos 2,5% de água doce existentes no planeta, precisam fazer a sua parte urgentemente, mas a população também. Impressiona no Brasil a falta de consciência das pessoas – de todas as classes sociais – no que tange o consumo consciente da água. É preciso mudança de comportamento. Pois é comum ver pessoas lavando calçadas com mangueira, escovando os dentes, fazendo barba e se ensaboando com a torneira ligada. Parecem desconhecer não apenas o custo ambiental que o desperdício representa, mas também o financeiro: por conta da poluição dos nossos rios, toda a água que chega para o consumo da população tem que passar por processos químicos em estações de tratamento de água e isso custa muito caro.

Economizar água e energia tem de estar no topo das prioridades de todas as políticas públicas, permeando ações na área de Educação, Desenvolvimento, Habitação, etc.  Não podemos esperar todas as torneiras secarem e as nossa própria sobrevivência ficar comprometida para só então nos darmos conta de que devíamos ter feito tudo de forma muito diferente.

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Publicado pelo jornal “O Dia” no dia 11 de novembro de 2014, clique aqui para acessar.

 

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