Na década de 70, o Brasil tinha uma renda per capita superior à da Coréia do Sul. Com percalços e inflação recorde, nossa economia cresceu. Ainda assim, os coreanos nos passaram, e disputam mercados de alta tecnologia com japoneses e alemães. Qual a diferença essencial entre os dois países? A proporção dos investimentos em Educação e a qualidade do sistema de ensino. Um terço dos formandos sul-coreanos é de engenheiros, proporção que no Brasil não chega a 10%. Ensino de Engenharia, e de carreiras tecnológicas em geral, é mais caro, não dá para ser no ‘cuspe e giz’. Exige, também, uma base sólida em Matemática, o que demanda investimentos pesados no ensino fundamental.
Esses fatos são particularmente úteis, quando se trata de discutir o que fazer com os royalties. A Noruega, ao descobrir a imensa reserva no Mar do Norte, criou um fundo que priorizava a educação e as aposentadorias. Olhava para o futuro, mesmo tendo um presente de um dos maiores IDHs do planeta.
O Brasil deve aprender com os bons exemplos, se quiser evitar a ‘maldição do petróleo’. A riqueza súbita faz com que pessoas e nações inteiras percam o rumo, se não for acompanhada de sabedoria. E o mais sensato a fazer é evitar dispersar os recursos e as forças, combater o desperdício em fontes luminosas e pisos de porcelanato em quiosques de praia. O petróleo é uma riqueza imensa, porém finita. A educação de qualidade faz surgir empresas, desenvolve habilidades até então escondidas, revela vocações. O Japão não é pródigo em recursos naturais, mas cresceu pela disciplina no ensino.
Aqui no Brasil, temos exemplos, em grau mais modesto, mas promissores. Paracambi não é a cidade mais rica da Baixada Fluminense, não tem as indústrias ou a enorme população das coirmãs. No entanto, temos o Ideb mais alto da região, indicando a força de nosso investimento na Educação. Numa antiga fábrica de tecidos, desativada, criamos a Universidade do Conhecimento. Nada mais simbólico: sobre os escombros da atividade econômica que não soube ou não pode se adaptar às mudanças, construímos uma ferramenta do saber, semente do futuro.
A MP da presidente Dilma, destinando 100% dos royalties para a Educação, inclusive nos repasses para Estados e Municípios, tem essa mesma direção e sentido, de não deixar que as obrigações e desejos do presente impeçam um amanhã melhor para todos os brasileiros. O petróleo dura 30 a 50 anos, a Educação de qualidade é árvore que rende frutos por mais de um século. Se planejas para um ano, compre comida. Se para uma década, plante árvores. Se para sempre, eduque pessoas. O ditado chinês deve iluminar as mentes dos dirigentes brasileiros. O futuro é agora.
André Ceciliano é deputado estadual e líder do PT na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro