Para cada real investido em saneamento, os governos deixam de gastar R$ 4,00 em Saúde, segundo a Organização das Nações Unidas. Não existe aplicação financeira com resultado semelhante. Entretanto, parece que o Brasil ainda não enxergou isso, já que investe apenas um terço do necessário em saneamento. Nos últimos anos, o investimento foi de 0,2% do PIB, quando o necessário seria 0,6%.
Resultado: hoje, sete crianças morrem todos os dias no nosso País por causa da diarréia. Mais de 700 mil pessoas são internadas a cada ano nos hospitais públicos por doenças advindas da falta de saneamento básico, posto que 57% da população urbana brasileira ainda não possui coleta de esgoto. O Brasil é o 9º colocado no ranking mundial “da vergonha” com 13 milhões de pessoas sem acesso a banheiro em casa, pelos dados da Organização Mundial de Saúde.
A falta de coleta e tratamento de esgoto, a contaminação da água e também a sua escassez são sérios riscos à saúde das nossas crianças. Quem escapa das doenças, não fica livre de seqüelas. Chega a 18% a diferença de aproveitamento escolar entre os alunos que têm e os que não têm acesso ao saneamento básico.
Na Baixada Fluminense, o reforço da área é urgente e isso é feito basicamente com recursos federais, via Funasa e Ministério das Cidades, que exigem contrapartidas que poucos municípios são capazes ou estão dispostos a dar – em média, 10% do total da obra.
Quando fui prefeito de Paracambi, fizemos 12 estações de tratamento na nossa cidade. Chamavam-me de louco por investir tanto dinheiro debaixo da terra, quando pracinhas e shows dariam resultado muito mais imediato a um custo muito menor.
Pensando assim, chegamos onde estamos. Belford Roxo tem a segunda maior média de internações por diarréia entre as 100 maiores cidade brasileiras. São 367,1 para cada grupo de 100 mil habitantes. Pior, só no Pará: a cidade de Ananindeua tem nada menos do que 1.210,9 casos para cada 100 mil pessoas. O estudo pertence à Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) Instituto Trata Brasil, com dados de 2008 a 2011.
Outras cidades da Baixada mostram números preocupantes. Nova Iguaçu (165,2) e São João de Meriti (138,4) estão entre os 30 municípios com maior número de internações. Duque de Caxias (58,6) é o 37º.
Os números falam por si só. Se os investimentos continuarem no mesmo ritmo, apenas em 2.122 todos os brasileiros terão acesso a esse serviço básico. Não da para esperar tanto tempo.
André Ceciliano (deputado estadual, é líder do PT na Alerj)