A Baixada Fluminense vive uma agonia histórica com a falta d´água. Mesmo do lado do Guandu, bairros inteiros sofrem com a ineficiência do serviço. Entra ano, sai ano, e o povo continua sofrendo sem água na torneira, tendo que apelar para ligações clandestinas, poços de qualidade duvidosa e até mesmo para a velha lata d´água na cabeça.
Além do precário abastecimento, a região, de quase 4 milhões de habitantes, amarga os piores índices de saneamento. O Instituto Trata Brasil estudou as condições de saneamento nas 100 maiores cidades do País, onde vivem 40% da população. Quatro cidades da Baixada foram avaliadas — Nova Iguaçu, São João de Meriti, Duque de Caxias e Belford Roxo —, e ficaram entre as últimas posições.
Com 801.746 habitantes, Nova Iguaçu ficou com a 95ª colocação no ranking, apenas cinco posições à frente do último colocado, Porto Velho, a capital de Rondônia, na Região Norte. O resultado negativo se deu principalmente por causa da falta de esgoto tratado — apenas 0,37% —, e a perda de água, de quase 30%.
Logo atrás , em 94ª lugar, ficou São João de Meriti, com 460.062 habitantes. O abastecimento de água chega a 92,78% da população, mas — segundo o estudo — 32% são desperdiçados em vazamentos ou ligações clandestinas. Já a coleta de esgoto não alcançou nem a metade dos moradores e não há sequer uma estação de tratamento.
O próprio município do Rio – quase todo atendido pela Cedae – aparece em 50º lugar no ranking do Trata Brasil que avalia a qualidade dos serviços prestados nessa área.
Por outro lado, municípios que aderiram à concessão ou privatização dos serviços de água e saneamento hoje apresentam resultados muito positivos, caso de Niterói, onde 100% da população recebe água encanada e 93% têm redes de esgoto. Além de Petrópolis, Campos e Volta Redonda que também melhoraram o sistema após entregarem o serviço de distribuição a grupos privados.
Pagamos um alto preço por um serviço péssimo, que nunca melhora. Onde está o lucro nisso? Quem ganha com isso? Se a Cedae é uma empresa que dá lucro, único bem ativo do estado, esse lucro não é revertido em melhorias para quem mais precisa.
Por isso é fundamental dar solução à baixa rede de cobertura de saneamento na região metropolitana do Rio. E disso dependem também os avanços na qualidade da saúde e nas obras de infraestrutura, por exemplo. Hoje há reservatórios na Baixada que nunca funcionaram.