Após o grupo Changi, que opera o Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim (Galeão), anunciar a entrega da concessão antes do prazo previsto, o deputado André Ceciliano (PT) comentou que a anúncio é “péssimo para imagem do Brasil”. A desistência da empresa ocorre meses após o lançamento do edital de concessão do aeroporto Santos Dumont que previa a operação de voos internacionais e de longa distância – que até então operavam no Galeão.
Ceciliano comentou que a saída da empresa, que opera o maior aeroporto do mundo (o de Xangai), é “resultado da falta de coordenação que existe na infraestrutura aeroportuária da Região Sudeste, especialmente do Rio de Janeiro”. “Aqui a autofagia aliada à crise da Covid tornou inviável a operação do Galeão, hoje desinteressante até para grandes investidores internacionais”, disse. Ceciliano explicou que desde o início da pandemia de Covid-19, o aeroporto do Galeão vem perdendo fluxo de voos de forma desproporcional e já recebe menos passageiros que os aeroportos de Guarulhos, Brasília, Campinas, Congonhas, Recife, Confins, Salvador e Porto Alegre.
Desde o anúncio do edital de concessão do Santos Dumont, Ceciliano e outros atores políticos (como o governador Cláudio Castro e o prefeito da capital, Eduardo Paes) têm criticado o modelo de operação proposto – destacando a incapacidade técnica e estrutural do Santos Dumont para receber uma demanda maior de voos. Em contrapartida ao Galeão, que fica na Ilha do Governador e possui 2 pistas de pouso que somam mais de 7 km, o aeroporto do Santos Dumont fica na região central da cidade, com duas pistas de voos que não somam mais sequer 3 km.
Além do impacto no fluxo de passageiros, a transferência de voos para o Santos Dumont também impactariam no fluxo de cargas – que hoje chegam ao estado na “barriga” dos aviões comerciais. Sem capacidade estrutural para receber tal demanda, as cargas internacionais passariam a ser recebidas em outros estados e transportadas até o Rio por meio de caminhões – impactando diretamente a receita de impostos do estado.
“Para mim, que sempre lutei pelo equilíbrio do funcionamento dos terminais do Centro e da Ilha, fica óbvio que, com esse comunicado, a licitação do Santos Dumont tem que ser imediatamente suspensa para se discutir uma nova modelagem para o Rio de Janeiro que torne viável as operações do Aeroporto Internacional do Galeão, não só em passageiros, mas também na movimentação de cargas e manutenção de aeronaves”, comentou Ceciliano.
Com a entrega da concessão do Galeão, o Ministério de Infraestrutura anunciou que o aeroporto será leiloado junto com o Santos Dumont em 2023.