Pré-candidato ao governo do Rio pelo PSB, o deputado federal Marcelo Freixo elevou o tom contra Alessandro Molon, seu colega de partido e de Câmara, e defendeu que ele cumpra um acordo feito na legenda para a formação de uma ampla aliança na disputa ao comando do estado e retire a pré-candidatura ao Senado.
Segundo Freixo, a costura foi feita há um ano e proposta pelo próprio Molon. Pela tratativa, o hoje pré-candidato ao Senado abriria mão da disputa caso o postulante ao Palácio Guanabara viabilizasse seu nome e o apoio de outros partidos.
O PT, que decidiu apoiar a candidatura de Freixo, junto com a federação Rede-PSOL, reivindica que o o presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), André Ceciliano (PT), seja lançado ao Senado na chapa do PSB. Com base em pesquisas de intenção de voto em que aparece como o candidato da esquerda mais bem colocado para a disputa, Molon, no entanto, tenta convencer a legenda a ceder a vaga. A expectativa de Freixo é que a direção nacional do partido intervenha se Molon decidir não cumprir o trato. O GLOBO não conseguiu contato com o presidente nacional da legenda, Carlos Siqueira.
— O PT é o maior partido e reivindica a indicação do nome ao Senado. Essa composição é decisiva, não é uma composição que nos leva a debater nomes, mas o cumprimento de acordo. Entro no debate de um acordo político. Minha expectativa é que ele seja cumprido — diz Freixo.
O pré-candidato do PSB conta que o acerto, que prevê a possibilidade de negociar a composição da chapa, isto é, os cargos de senador e vice-governador, foi o que balizou o diálogo com o PT e também as conversas em andamento com o ex-prefeito do Rio Cesar Maia (PSDB), já convidado para ser vice de Freixo.
Segundo Freixo, o acordo é de conhecimento não só de Siqueira, mas de nomes de peso da legenda, como o pré-candidato ao governo de São Paulo, Márcio França, o ex-governador do Maranhão Flavio Dino, e o prefeito de Recife, João Campos.
Freixo alega que já construiu uma unidade inédita no Rio no campo da esquerda e negocia uma composição com um vice mais ao centro. Também argumenta que os dados da última pesquisa Datafolha, em que está tecnicamente empatado em primeiro lugar com o governador Cláudio Castro (PL), confirmam sua viabilidade. O pré-candidato do PSB enfatizou ainda que não se trata de uma questão pessoal com Molon:
— Entendo seu desejo de ser candidato, mas existe de fato um acordo. Todos sabemos que ele existe, e precisa ser cumprido. Eu, como candidato do PSB ao governo, entrei no partido para montar uma grande aliança para ganhar, e defendo publicamente que seja cumprido, porque isso é decisivo para que nosso projeto seja vitorioso no Rio.
Presidente nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR) confirmou ao GLOBO que houve uma combinação entre a legenda e o PSB para um petista disputar o Senado na chapa, com registro, inclusive, em uma comunicação por escrito:
— Isso ficou ajustado. Não tínhamos naquele momento a definição de um nome, mas depois apresentamos o nome do André (Ceciliano) ao PSB. Respeito o Molon, mas não é uma questão pessoal, e sim política, de construção do campo da esquerda no Rio, que é importante no processo eleitoral tanto estadual quanto presidencial.
Ato com Lula
A deputada espera que a situação esteja resolvida e esclarecida até o evento que marca o lançamento do palanque do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Rio, previsto para o próximo dia 7. Tanto Gleisi quanto Freixo dizem que o ato está mantido, mesmo se não houver uma definição até lá. Molon anunciou que estará na agenda, após O GLOBO revelar que seu nome havia sido barrado no ato. Freixo defendeu sua participação:
— O ato tem que ter todo mundo que apoia o Lula.
* Este texto reproduz na íntegra a matéria publicada no portal do jornal O Globo em 03/07/22.